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Fernando N. Marques (Director)

O que Trump pode trazer ao Mundo... e aos EUA

 

Hoje cedi este espaço à IA para que nos dissesse quais as perspectivas para o Mundo com a eleição de Donald Trump. Eis a resposta:
“A eleição de Donald Trump terá uma série de impactos glo-bais, dada a sua política externa imprevisível e orientada para os interesses dos EUA. Durante o seu primeiro mandato (2017-2021), Trump implementou uma abordagem “América Primeiro” (“America First”), o que significou o abandono de acordos e alianças tradicionais e uma postura mais isolacionista. Alguns dos impactos potenciais do novo mandato de Trump podem ser:
Política Externa e Alianças: É provável que Trump mantenha uma postura menos cooperativa em relação a organizações internacionais como a NATO, a ONU e a OMS. Ele criticou o financiamento e o envolvimento dos EUA nessas instituições, defendendo que outros países deveriam contribuir mais. Isso poderia enfraquecer alianças históricas e aumentar a tensão com aliados tradicionais, especialmente na Europa.
Relações com a China: Trump foi fortemente crítico da China, promovendo uma guerra comercial com tarifas sobre produtos chineses. Com a retoma do cargo, a rivalidade com a China poderá intensificar-se, afectando o comércio global e forçando outros países a escolherem lados em várias questões, como a tecnologia (5G, por exemplo) e a segurança cibernética.
Mudanças Climáticas: Trump retirou os EUA do Acordo de Paris sobre as alterações climáticas durante o seu primeiro mandato, e é provável que continue a reduzir as regulamen-tações ambientais para promover o sector energético ame-ricano, como a indústria do carvão e petróleo. O novo mandato dele poderá comprometer esforços globais para combater as alterações climáticas, uma vez que os EUA são um dos maiores emissores de gases com efeito de estufa.
Relações Comerciais e Economia Global: A política econó-mica de Trump prioriza acordos bilaterais e tarifas para “prote-ger” a economia americana. Ele pode novamente pressionar por mudanças em acordos comerciais e impor tarifas sobre produtos de países que considera "desleais" em práticas comerciais, o que pode gerar tensões e retaliações que afectam o comércio mundial.
Imigração: A política anti-imigração foi um dos temas centrais da administração Trump, com medidas como o reforço do muro na fronteira com o México e restrições a refugiados e migrantes de certos países. Essa abordagem pode continuar, influen-ciando a política de imigração de outros países e o tratamento de questões migratórias internacionais.
Tensões Internas nos EUA: A presidência de Trump foi marcada por uma forte polarização social e política dentro dos Estados Unidos. Agora eleito, há uma possibilidade de aumento da instabilidade interna, o que pode ter implicações económicas e políticas que se reflectiriam globalmente, afectando mercados e gerando incertezas sobre a estabilidade dos EUA como líder mundial.
Em resumo, o novo mandato de Donald Trump pode trazer um cenário de maior imprevisibilidade nas relações internacionais e possíveis impactos adversos em várias áreas globais, desde o comércio e clima até alianças militares e diplomáticas. Esses factores poderão levar o mundo a um período de ajustamentos e divisões geopolíticas mais acentuadas”.
Esta nossa abordagem a um tema em que sustentabilidade de relações comerciais entre países, os acordos, politica, economia, emigração e geopolitica, carecem por parte do jornalista, procurar outras fontes de informação, para que num futuro a IA, não seja como os robots que substituem a mão-de-obra em vários sectores da economia. O jornalismo faz-se com os jornalistas…

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Luís Mergulhão

 

Herói ou vilão?

Em meados de 1996, quando ainda jovem estudante do curso de Mestrado em Sociologia da Universidade de Évora, fui convidado, juntamente com alguns colegas, para irmos às Alcáçovas, concelho de Viana do Alentejo, almoçar com um personagem que estava a desenvolver um trabalho extraordinário naquela localidade do Distrito de Évora na promoção do desenvolvimento em espaços rurais. Foi, então, nesse momento que conheci Camilo Mortágua, um homem que, confesso, me impressionou pela forma como nos recebeu: simples, afável, educado mas ao mesmo tempo intimidador pela sua forma de falar, pela maneira como nos expunha as suas ideias sobre o que estava a fazer e o que queria continuar a fazer naquele território tão deprimido em que baseava a sua actividade e no qual havia criado a Terras Dentro - Associação Para o Desenvolvimento Integrado, pela sua linguagem corporal e pelo carisma que se lhe reconhecia. Enfim, um homem com um carácter forte, ciente das suas ideias, convicto daquilo que fazia e, acima de tudo, um homem com História. Foi, para mim, um privilégio partilhar um dia com personagem tão marcante, a ponto de ainda hoje recordar esse momento com grande satisfação. 
Naturalmente que fiquei muito bem impressionado até pela forma como pude “beber” das suas palavras conceitos, estratégias e perspectivas, que depois me foram extraordinariamente úteis para o trabalho de investigação que estava a preparar e percebi que ali tive ocasião de partilhar ideias com alguém que marcou um Tempo na nossa recente História colectiva. Pois bem, Camilo Mortágua faleceu no passado dia 1 de Novembro, em Alvito, no Distrito de Beja, aos 90 anos e a sua morte levantou não só um grande debate sobre o seu papel no combate ao Estado Novo, no combate pela liberdade, no combate pela democracia, mas também sobre a sua actividade política após o 25 de Abril de 1974, sendo que para uns ele foi um herói e, para outros, ele foi um vilão. Como é óbvio, não me compete a mim tomar partido nem é isso que se pretende neste artigo.
A História de Camilo Mortágua confunde-se um pouco com a História da resistência ao infame e criminoso Estado Novo. Quem conhece um pouco desse período negro de Portugal, ou porque o viveu ou porque sobre ele tem lido e tem estudado, que se prolongou desde 1933 (quer dizer, de facto desde o golpe de 28 de Maio de 1926), até 25 de Abril de 1974, sabe que Camilo Mortágua foi um revolucionário anti-fascista muito activo e, nesse papel quase romântico, teve uma participação fundamental em três das acções revolucionárias mais espectaculares daquele período e que ficaram indelevelmente marcadas na memória colectiva e ainda hoje são recordadas pelos mais velhos e por aqueles que não querem deixar cair no esquecimento o martírio do Povo português: o Assalto ao Santa Maria, um paquete de luxo que navegava para Miami, nos Estados Unidos, cheio de turistas a bordo (para além da tripulação), em consequência da qual faleceu um dos pilotos; o desvio de um avião da TAP, cuja acção pretendia lançar sobre a cidade de Lisboa (mas não só) panfletos e propaganda anti-fascista (foram lançados cerca de 100.000); e, finalmente, a terceira acção em que CM esteve envolvido foi o assalto à mão armada da dependência da Figueira da Foz do Banco de Portugal.
Depois do 25 de Abril de 1974, CM continuou com a sua participação revolucionária, agora defendendo, por exemplo, acções de ocupação de terras no âmbito ideológico da extrema-esquerda, pois o seu objectivo era implementar em Portugal um modelo político marcadamente marxista-leninista (até trotskista), na dependência da então União Soviética. Viviam-se tempos conturbados a nível internacional, em plena Guerra Fria que dividia o Mundo em duas partes, uma sob influência soviética e outra sob influência americana e, neste contexto, CM não duvidou em colocar-se do lado, que, para mim, é o lado menos bom do conflito que esteve permanentemente à beira de deflagrar.
Ora bem, feita esta breve resenha sobre a actividade revolucionária, parece-me justo que se aceite que Camilo Mortágua desempenhou um papel relevante no combate político ao regime salazarista, um regime que amordaçava o país e mantinha os portugueses na pobreza, na miséria, no obscurantismo, no analfabetismo e, a partir de 1961, numa guerra sem quartel em África que consumia uma juventude que era maioritariamente contra o conflito. Isto é inegável e mesmo o argumento de que, em consequência de uma das suas acções, houve a lamentável perda de uma vida, não pode colocar em dúvida os objectivos nobres da sua actividade, pois nem vale a pena comparar o número de vítimas provocadas pelo Estado, seja na guerra em África seja nas prisões e campos de concentração com aquele lamentável acidente que resultou do assalto ao paquete de luxo. 
Toda a sua actividade revolucionária, bem como a de outros seus companheiros, tem de ser entendida num contexto que não é o actual e, nesse sentido, o seu contributo para criar os alicerces para a posterior revolução de 25 de Abril de 1974 é inegável e todos os portugueses devem estar agradecidos a este homem. Outrossim é a sua actividade pós-revolução, essa sim, eivada de excessos ideológicos, os quais defendeu acerrimamente até ao fim. A este nível, a minha postura ideológica não é compatível com a de Camilo Mortágua, como sabe quem costuma acompanhar os meus textos aqui no Notícias de Arronches. Neste contexto, dificilmente posso aceitar a implementação de um regime totalitário após a queda de outro regime da mesma natureza mas de conceptualização ideológica antagónica, que foi o que a extrema-esquerda, de que CM fazia parte, sempre desejou.
Felizmente um grupo grande de personalidades, sejam militares ou civis, viram mais longe e defenderam Portugal do totalitarismo de esquerda, mas é de inteira justiça reconhecer os méritos de homens como Camilo Mortágua na luta contra Salazar e o Estado Novo. Concorde-se ou não politicamente, mais do que herói ou vilão, a História tem-se encarregado de colocar no seu devido lugar o legado de um homem que agora nos deixou e cuja vida muito contribuiu para podermos viver em liberdade.

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