Perder um Amigo… algo se vai da alma
Hoje é um dia triste, daqueles que pensamos que nunca chegam. Morreu o ‘Maestro’ Armando Soares. O Amigo, companheiro de muitas viagens e de muitos sonhos. Um daqueles Amigos que fazemos ao longo da vida e que são como se fossem da própria família.

Não vou falar-vos aqui do toureiro, do artista que viveu como nenhum a paixão pelo toureio.
Quero, necessito falar do Homem. Aquele que eu já pai, continuava a chamar-me ‘Fernandinho’. Daquele que me ensinou muito do mundo que vivemos ao longo dos anos. O Homem cuja paixão pela tauromaquia ia muito além do profissional. Era um símbolo para todos e tinha amigos em todo o lado. Começou por querer ser jogador de futebol no seu Barreiro mas o chamamento da ‘Arte de Montes’ foi mais forte.
A sua biografia é conhecida de todos os aficionados, já não é assim tão conhecido o seu lado humano e apaixonado em especial pelo seu México, do qual me trouxe um dia um porta-chaves em prata figurando uma ‘jaquetilla’. O maestro da Escola de Toureio de Badajoz que iniciou o projecto que hoje é uma referência. O mentor da Escola de Toureio da Moita. As ilusões e desilusões porque passou. As injúrias e difamações de que foi vítima, por querer aos jovens toureiros como se fossem seus filhos. O que privou a Isabel do tempo de estar com ele e com os filhos, a quem envio um abraço apertado.
Com a Escola da Moita entrava-me pelos estúdios das rádios por onde passei sem se fazer anunciar, com uma mão cheia de jovens aprendizes de toureiro como Luís Reinoso ‘El Cartujano’ ou Israel Lancho. Aquele que batia nos estores das minhas janelas dizendo: Isaurinda é o Armando, tens por aí alguma coisa para petiscarmos. Era o Armando, o mesmo com que íamos para Madrid ver o José Luís Gonçalves ou, na minha carrinha, que ele indicou (por iniciativa própria) para ser o ‘coche quadrilla’ da apresentação de ‘Procuna’ em Sevilha.
Partiu o Amigo aos 89 anos. Ficará para sempre na nossa memória um personagem ímpar.
Adeus Maestro! Até ao dia em que nos voltemos a encontrar para acabarmos conversas que ficaram por terminar.