EDITORIAL - Covid, orçamento e presidênciais, um cocktail ‘perigoso’ para o país

Se recuarmos ao início da pandemia, mesmo com os números assustadores os quais se aproximam no presente, havia uma série de circunstâncias que, embora todos nós assustados pelo desconhecimento da pandemia, nos uníamos mais enquanto povo.
O adiantarmo-nos ao confinamento voluntário e o SNS não estar preparado como nenhum país o estava, resultou que nos tornássemos num país exemplar.
Actualmente estamos perante uma segunda vaga da pandemia mas, nem tudo é assim tão linear. Portugal passou a testar muito mais, logo mais casos detectados. Atingimos números imagináveis, porém a informação da DGS divide os especialistas (não sabia que havia tanto epidemiologista em Portugal e com opiniões tão diversas). A preocupação no início eram os idosos (Lares), só que agora a faixa etária é outra, ou seja, os estudantes e todos aqueles que estão no mundo do trabalho. Desde o início que sempre defendi e escrevi, que Covid e economia não eram compatíveis. Ou morríamos da doença...ou da cura. Costa veio agora confirmar na Cimeira Luso-espanhola na Guarda, que não podemos voltar a encerrar o país. A economia tem que funcionar e isso é ponto, parece que assente em toda a Europa. Opinião que Marcelo Rebelo de Sousa também defende.
Hoje por hoje, estamos perante um cocktail de situações que podem ser perigosas para Portugal. Passo a explicar: é o meu ponto de vista e vale o que vale. O O.E. para 2021 é senão o mais importante, um dos mais importantes. Está aí à porta a 'bazuca' da U.E. e o Plano de Recuperação e Resiliência, que divide partidos políticos e empresários pelos seus interesses não patrióticos mas, retirar dividendos como as presidenciais e autárquicas e mais benefícios para as empresas em detrimento dos sectores apontados pela E.U.
António Costa não conseguiu neste mandato o 'acordo' da chamada geringonça (nunca gostei do epíteto), para uma relativa estabilidade com as esquerdas.
O B.E. esticou a corda até mais não, em especial na mais que provável injeção de capital no Novo Banco e votou contra. Ao que parece, Costa conseguiu passar esta barreira sendo alguns bancos a colocar esses milhões pelo Fundo de Coesão; o PCP a sua posição é a abstenção, sabendo a força dos sindicatos que já começam a movimentar-se em todas as classes, desde a saúde, funcionários públicos, professores, e o PAN optou pela abstenção...faltava o PEV.
O Presidente da República vai chamando a atenção para o perigo de uma crise política neste momento; Costa diz ser impensável, neste momento governar com duodécimos. Rui Rio, que nos parecia ser o mais coerente, pelo menos no princípio, colocando os interesses do país à frente dos interesses partidários…vota contra como a restante direita.
E chegamos por fim às Presidenciais, com Costa a precisar do 'aconchego' de Marcelo, as fricções no PS com a candidata Ana Gomes e a perfilarem-se 'galos para o poleiro' para a sucessão a António Costa; o PCP e o BE com candidatos próprios, o CDS com o 'Chicão' um pouco à deriva, quase sem representatividade parlamentar...espera-se pelo PSD na votação na generalidade.
Enquanto isto, o Chega e Liberais esfregam as mãos no meio de tanta 'luta' nas esquerdas, à espera de maior número de votos nas presidências (oque aconteceu agora nos Açores), o que seria um indício para as autárquicas, porque o poder local sempre foi e será, muito apetecível para os partidos da nossa cada vez mais 'ameaçada' democracia, onde impera a corrupção e o compadrio nos vários sectores da sociedade portuguesa.
Fernando Neves Marques|Director
(Foto-DR)